quarta-feira, janeiro 19, 2011

A volta do maior lixo televisivo

A volta do maior lixo televisivo

Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil, produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima primeira edição, assim como todas as outras do BBB, é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado a nossa modesta inteligência.
Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 11 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir este programa ao lado dos filhos.


Marmeladas

A primeira é a seleção dos participantes. Já virou folclore o fato de serem verdadeiros incautos aqueles que enviam os seus vídeos todo ano para a produção do programa. Na prática, somente vai abastecer o estoque de "vídeos ridículos" exibidos por um dos canais a cabo da emissora a cada temporada de exibição.
Basta começar o programa e logo se vê que fulano era amigo de artista, que beltrano já havia trabalhado no meio artístico, que três ou quatro eram indicados por "olheiros" da produção, mais três ou quatro entraram direto na fase final de seleção... Ou seja, quem enviou o vídeo caiu em uma esparrela.
Outro ponto é que o perfil dos participantes é basicamente o mesmo. Sarados, gostosas e praticamente lobotomizados. Normalmente é um festival de asneiras e exibição gratuita de corpos. Em algumas edições houve a indicação de participantes com perfis mais próximos do encontrado em nossa população, mas em média ou saíam na primeira eliminação ou ganhavam o prêmio.
Aí temos outro problema. Não afirmo que há manipulação de resultado, mas no mínimo a edição é "direcionada" para um ou outro candidato. Exatamente por este motivo que pessoas oriundas das camadas sociais mais humildes deixaram de participar do programa, porque o público tendia a privilegiar aqueles que precisariam mais do prêmio.
Entretanto, temos um sofisma, porque sob a alegação de que o público "gosta de coitadinhos" reduz-se a gama de participantes e, com esta limitação, a direção fica livre para direcionar as escolhas para este ou aquele "ungido".


Esperança

Mais uma excrescência é a esperança que todos os participantes tem de se tornarem "artistas" - mesmo que isto signifique a presença em "books" de hotéis de luxo. Após o programa, aqueles não consegurem virar "celebridades" acabam vagando, como almas penadas, por programas fúteis de outras emissoras - até voltarem, como espectros plasmáticos, à anonimidade.


Atores

Na prática, todos representam. Uns por quererem entrar para o meio artístico, outros atrás do dinheiro do prêmio.


Assassinato da Língua Portuguesa

Como resultado da preferência por corpos sarados e neurônios escassos, o nível do programa é de doer. A língua portuguesa é vilipendiada sem perdão nem piedade; muitas vezes, há o incentivo a comportamentos não muito adequados a serem exibidos em horário nobre. Querendo ou não, a televisão tem uma força fundamental - e, normalmente, nociva - na formação do cidadão.


Grande audiência

Obviamente, o leitor deve estar se perguntando o porquê do sucesso do programa, apesar de tantos defeitos.
Penso que se deve a uma série de fatores. Primeiro pelo fato de explorar algo que é inerente ao ser humano, que é a curiosidade e, por que não, o voyuerismo. Segundo porque o padrão de beleza adotado pelos organizadores é um espelho tomado pelo homem comum como ideal: normalmente são belas moças e homens de aparência máscula - mesmo que seja só aparência.
O terceiro fator é a dinâmica do programa, sempre com várias etapas e alternativas. E, por último, a força da emissora, que massifica em sua programação o programa.


Pinto no lixo

Na edição do BBB 10, o dublê de jornalista, filósofo de banheiro e animador de auditório Pedro Bial acabou proferindo uma metáfora bem apropriada para o famigerado Big Brother Brasil. Segundo o “Grande Irmão”, os telespectadores ficaram felizes que nem "pinto no lixo" com o sucesso do programa. Definição perfeita, sobretudo pela segunda parte da comparação.
O BBB realmente não passa disso: lixo para os “pintos” e ouro para os gaviões, que faturam os tubos com os milhões de ligações telefônicas a cada paredão.
Que triste. E ainda alguns o chamam de poeta.
Fontes: Política Etc / Pedro Migão

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