segunda-feira, abril 02, 2007

Pescaria: terapia mental e corporal

Pescaria: terapia mental e corporal

É fato o quanto me sinto entusiasmado em relação a esta nova terapia, a pesca.
Engraçado como os tempos mudam mesmo. Uma atividade em que antigamente eu achava ser totalmente inútil e sem graça, hoje a tenho como de extrema importância e utilidade.
A pescaria é uma atividade que pode ser vista por diversos ângulos, depende apenas de como você quer enxergá-la.
Imagine você, uma atividade onde possa relaxar completamente e ao mesmo tempo possa trabalhar seu raciocínio e seus reflexos... Sim, isto é pescaria. O contato com a natureza, o silêncio, o desligamento do cotidiano estressante e ao mesmo tempo existe ainda a adrenalina; fisgar um peixa de grande porte, senti-lo ao segurar uma vara, sentir a tomada de linha, a espectativa para ver que tipo de peixe foi apanhado, a técnica em apanhá-lo, tirá-lo da água e muito mais.
A pescaria mexe com nosso raciocínio, nos faz quebrar a cabeça para acertar o tipo de isca a ser usado, o melhor local para se lançar a vara, o tempo, o tipo do equipamento, etc... O equipamento inclui o tipo da vara, linha, carretilha ou molinete, o tipo e tamanho do anzol e bóia, a técnica a ser usada (pela superfície ou pelo fundo), as ferramentas certas e muito mais.
A pescaria ainda nos ensina a sermos pacientes, e nos faz deixar de ser ansiosos ou afobados. A pescaria ainda é cultura, está relacionada com a música de raiz, envolve histórias e causos locais, nos ensima a conhecermos algumas espécies animais e vegetais.

Minha última experiência foi no PESQUEIRO TRÊS MARIAS, próximo a cidade de Cerquilho. Um pesqueiro situado dentro de uma fazenda, muito limpo, organizado, rústico, aconchegante. Possui um restaurante com uma deliciosa comida caseira e com vista privilegiada. Além disso tudo podemos ter o contato com diversos animais (domésticos e nativos) do local, como siriemas, garças, diversos pássaros, cães, papagaio e até um chinchila.

Pesqueiro Três Marias, próximo à Cerquilho

Os peixes variam entre pequeno e grande porte: Tilápias, Matrinxãs, Pacús, Patingas, Tambaquis, Carpas, Dourados, Pintados, Cacharas, Pirararas e outros.
Apesar de ser um péssimo pescador, além de iniciante, busco os de grande porte. O Pintado é sempre meu objetivo e das duas vezes que estive neste local, vi dois destes serem pegos. Mas o que mais me impressionou foi o que aconteceu neste último sábado.
Cheguei ao local às 7:00 hs da manhã, logo que abriu e já fui pegando o melhor local. O pesqueiro estava quase que completamente tomado pela neblina, mas conforme ía amanhecendo, a neblina foi se desfazendo. E já logo cedo, um pescador fisgou um dos grandes, tinha o jeito de ser o tão cobiçado Pintado. Foi uma briga bonita, coisa de 40 minutos. Além das tomadas de linha impressionantes até o meio do lago, o peixe acabou arrastando o pescador para o barranco, talvez tentando se proteger em alguma toca. Mas o cara era bom, teve calma, paciência, chegou a tirar o peixe várias vezes da toca até cansá-lo por completo, quando finalmente pudemos ver o que era. Pra se ter uma idéia, nem o próprio pescador acreditou no que estava vendo. Uma enorme Pirarara. Linda, gorda, de coloração vermelha na cauda e nas barbatanas. Era maravilhosa! Fiquei assustado de ver o bicho, e mais assustado ainda ao ouvir dizer que aquele exemplar era apenas um ''filhote'' ainda.

Pirarara

Um verdadeiro espetáculo que fez o pesqueiro todo parar. O peso: 14 kg muito bem pesados. Estava feito o dia daquele pescador, e o curioso é que o cara não pegou mais nada o dia inteiro.
Pra quem não sabe, a Pirarara é um peixe que vive no fundo, de couro, uma espécie de Bagre, só que bem maior e de coloração diferente, chega a ultrapassar os 30 kg.
No final da tarde, outro pescador conseguiu pegar o tão sonhado Pintado, este de 12,5 kg. Meu saldo: 4 Patingas. Não atingi meu objetivo mas saí realizado só de ter visto aquela linda Pirarara, afinal de contas um peixe destes só se encontra no Mato Grosso ou no Amazonas e se ouvisse alguém contando sobre ter pego um destes, certamente que acharia ser mais uma história de pescador.
Ao ir embora, um dos funcionários me perguntou o que eu tinha pego, e já fui dizendo: ''Peguei uma linda Patinga de 3 kg''! (Na verdade não devia ter nem 1,5 kg...)

Resumindo, agora posso dizer que sou pescador. Não sou bom de pesca, mas bom de mentira!
''Eeeeeeeita fuminho bão, sô''!

Ricardo M. Freire