segunda-feira, abril 09, 2007

Bicho Homem

Bicho Homem (parte 1)

Impressionante a ignorância da humanidade. Cada vez mais me sinto indignado e assustado com tamanha ignorância da população terrestre, do ser humano.
Pra falar a verdade, já nem considero a espécie terrestre como SER HUMANO, e sim como BICHO HOMEM. O Homem tem sempre a capacidade de destruir o que é de beleza a ser apreciada e de transformar o que foi criado para ser usado como benefício em algo maléfico ou lucrativo.
Exemplo do que estou dizendo foi o lugar em que estive neste último fim de semana prolongado devido ao feriado. Uma pequena vila, próximo a cidade de Campina Do Monte Alegre, cidade do interior paulista, a convite de última hora de um amigo. O lugar é mágico, às margens do Rio Paranapanema envolto por uma natureza ''ainda'' preservada. Cachoeira De Salto é o nome do local, apelidado como Saltinho, envolvido pela mata nativa e muitos animais, principalmente peixes e pássaros. Havia ainda um enorme conjunto de quedas d'água que transformavam mais ainda o local num verdadeiro paraíso.
Pra finalizar, um restaurante ao lado com comida caseira feita no forno a lenha e chalés simples, mas aconchegantes.

Cachoeira de Salto

Mas o que era pra ser um refúgio para os apreciadores da natureza e para os que precisam de descanso, transformou-se num enorme pesadelo em alguns momentos.
O BICHO HOMEM apareceu e acompanhado ainda de suas ''máquinas possantes e seus trios elétricos ambulantes''. Em alguns minutos a linda paisagem e o sossego deram lugar a muita bagunça, sujeira e barulho. O que se via era muito lixo sendo jogado em qualquer parte, capô de carro aberto com música da pior qualidade, muita bagunça e desrespeito. Desrespeito com a natureza e com a própria espécie humana, afinal de contas, urinar na frente de outras pessoas em plena luz do dia não é nada civilizado.
Mas ao fim do dia, no cair da noite vinha a recompensa. O BICHO HOMEM desaparecia e dava lugar ao silêncio da noite, quebrado apenas pelo barulho da cachoeira, dos grilos, do som discreto do PINK FLOYD e mais tarde pelo ronco vindo do meu amigo que estava num colchão na caçamba de sua pick-up, mas que sequer chegava a incomodar (e olha que não suporto dormir com alguém roncando ao meu lado). A escuridão total só não tomou conta por causa da fogueira que fizemos e da churrasqueira improvisada que estava acesa.
Fim de semana perfeito, regado a muita cerveja, boa comida, conforto, paz, natureza, música e reflexões, muitas reflexões.
Reflexões estas que resultaram em várias conclusões relacionadas a amizade, profissão/trabalho, relacionamentos amorosos, família, etc. Assuntos dos mais variados, mas que sempre acabam em muita polêmica e sem uma resolução.
Mas uma coisa é certa, o BICHO HOMEM é como notícia ruim, está em todo lugar. Por mais que se queira isolar-se dele, acaba nos encontrando.
Mas o castigo vem a galope, a mãe natureza está furiosa e mandando seu castigo (veja no tópico anterior). Fico feliz até, por incrível que pareça, em ver algumas catástrofes relacionadas a poluição e o desmatamento. O aviso foi dado, ninguém ouviu ou deu atenção, agora que arquem com as consequências. Mas o BICHO HOMEM é assim mesmo, só depois que erra é que aprende e só depois que o pior acontece é que toma providências.
Não vou esquecer o último castigo da mãe natureza que vi bem na frente dos meus olhos. O tal rapaz que estava urinando no rio na frente das outras pessoas, totalmente alcoolizado, logo ao acabar de ter feito o ''serviço'' e recolhido seu órgão genital externo, mal deu um passo e escorregou nas pedras vindo rolar cachoeira abaixo. A cena foi hilária, só me restou dar muitas gargalhadas e não ter a menor pena do tal rapaz, mesmo o vendo bem machucado.
Não sou duro, nem injusto, apenas coerente.
Afinal de contas o BICHO HOMEM merece, ahhhhhh como merece...

Ricardo M. Freire



Bicho Homem (parte 2)

Interessante é o Homem que não se conforma de ser definido meramente como um animal, e sempre teme acabar sendo confundido com animais, seres que, na imensa ignorância humana, acredita estarem muito aquém de suas infindas potencialidades e superioridades, que naturalmente tem como parâmetro única e exclusivamente sua própria escala de valor.
O Homem acrescenta ao termo animal um termo um tanto confuso que denomina racional, uma espécie de superioridade quase divina, que o deixa acima de todas as demais espécies existentes, acreditando se distinguir de todos os outros animais que seriam tão somente animais irracionais. Jamais o homem aceitou o fato de ser um bicho como outro qualquer. Isso é claro com relação a sua auto-estima particular, porque é público e notório que todos os bichos são diferentes entre si, sem que isso qualifique ou desqualifique nenhum deles, seja para si próprios, seja com relação aos demais, com exceção dos inseguros humanos, que perdem muito do seu tempo fazendo comparações com os demais, já que nenhum bicho é igual a outro qualquer e, muito invejoso, teme ser considerado inferior.
Cada um dos seres humanos se considera superior aos demais seres humanos, ou mais racional que os demais. Isso pode parecer astucioso, porém é pouco inteligente.
O fato é que enquanto todos os animais parecem ter funções naturais, o homem parece ter apenas enormes presunções. Essas presunções fazem-no acreditar que tem mais do que função natural, mas um destino superior, que alguns alucinados acreditam estar escrito nas estrelas, outros no interior de animais dissecados em rituais macabros, ou em pedras, rochas, conchas, ou ainda em pessoas que escutaram ou escutam vozes que atribuem a divindades, e a crença e a tradição afirmam serem certas, porque estão escritas em livros antigos ou recentes.
O verdadeiro verbo que se aplica ao ser humano é o verbo "estar''. Não somos felizes ou infelizes, bons ou maus, mas sim podemos estar contentes ou tristonhos, realizando coisas boas ou más. Somos criaturas do momento que é algo que está sempre mudando, seja por nossa ação ou por nossa reação, mas através de nossa participação ainda que em grande parte inconsciente.

(Trechos do texto de Roberto De Barros Freire, professor de Filosofia)


Obs.:
QUAL A SEMELHANÇA ENTRE UM HOMEM E UM ESPERMATOZÓIDE?
Ambos tem uma chance em um milhão de se tornarem um dia seres humanos.