segunda-feira, janeiro 22, 2007

Saiba quando está apaixonado


Saiba quando está apaixonado

As vezes somos traídos por nossos próprios sentimentos, ficamos confusos, sem reação, sem saber o que fazer, sem saber como reagir... Isso ocorre na maioria das vezes quando despertamos interesse por alguma pessoa e aí vem a pergunta: "Será que estou apaixonado?".

Estar apaixonado é um estado de graça. Sabe-se que se está apaixonado quando tudo nos lembra o ser querido, cada nome de rua, cada título de matéria de jornal... Quando se está apaixonado tudo se encaixa maravilhosamente: os feriados duram sempre uma semana, as noites não antecedem um dia trabalho, as ligações telefônicas não precisam ser pagas.
Apaixonados, não pensamos nas horas e prazos, no orçamento maldito de cada mês, no que rola de bom nos points da cidade. Estar apaixonado é andar nas nuvens, sonhar com o ser desejado, acordar com essa pessoa na cabeça, bolar momentos a sós, imaginar presentinhos dados e recebidos, tirar de perto as lembranças de ex-amados. É tentar aprender a cozinhar, ler livros sugeridos pelo seu amor, fazer ginástica como se embelezar o corpo fosse urgente e preciso.
Mas estar apaixonado é também estar à mercê. Estar apaixonado é ser como barquinho bailando no mar num fim de tarde. Parece tudo bom, águas mansas a espelhar nosso sorriso e, de repente, a marola alta e inesperada o põe à deriva. E ele não vira. O barquinho-coração acha que não vai aguentar a saudade, o ciúme, o medo. Teme perder essa pessoa pra outro aventureiro que cruze o mar bravio da vida de seu amorzinho.
A paixão é um estado de graça apenas por alguns minutos, no máximo dias. Enquanto entorpece como alucinógeno, nos faz achar tudo fácil, as distâncias mínimas, o tempo eterno. Ao acordar, descobrimos que a paixão é irreversível. Uma vez nascida, gerada, ela nega a semente de onde veio e se declara eterna, oriunda do sempre, intrínseca a nosso ser. Ela se torna soberana, domina o pensamento. Será enquanto tiver de ser. É irrevogável a paixão.
A paixão é o reino do mistério, dos sentimentos profundos e perturbadores. É o inferno queimando nosso peito, uma comichão nos fazendo querer engolir o ser amado, nos fundirmos a essa pessoa que, mais do que nos atrair, parece fazer da gente de um novo alguém que simplesmente não é mais nada sozinho.
A paixão é a fraqueza da carne, mas é a fortaleza do coração. Pois quem nunca se apaixona é mais do que bobo, é como uma bactéria que causa doença sem o saber. Quem vive defendendo o próprio coração não tá com nada, não se assusta com a marola mas também não desfruta da brisa amena que o barquinho solto no mar sabe muito bem o quanto é gostosa.
Quem nunca se apaixona precisa se apaixonar, perder o prumo, aceitar entrar no labirinto sem saber onde é a saída. Ou, por outra, se alguma saída há, pois a saída é a parte pior de uma paixão, e encontrar um labirinto sem saída é o sonho de todo enamorado.

Texto extraído de "PAIXÃO EM 7 TEMPOS", de Mônica Buarque

Comentário final...
Estava eu neste último domingo num dos poucos barzinhos para se sair nesta humilde cidade, quando eis que avisto uma pessoa. Sim, era "ela"!
Meu coração bateu forte, disparou, senti um calafrio, um gelinho na barriga, um frio na espinha, bambeza nas pernas... Minhas mãos tremiam, minha voz mal queria sair. O tempo todo só enxergava aquela pessoa, como se somente ela existisse no meio de tantas pessoas que ali estavam. Tentava disfarçar, controlar a respiração, enxugava o suor... Meu amigos conversavam comigo, mas eu parecia não estar ali, sequer prestava atenção no que falavam. Mesmo eu olhando para cada um deles atentamente, quando me dava conta, já estava perguntando: ""Hã? O que foi que você disse?"
Parecia estar enfeitiçado, meio que sem reação! Não tirava os olhos da pessoa, como que querendo ler seus lábios! Sensação incrível...
E aqui estou, em plena segunda feira "braba", às 6:00 da manhã, após uma noite de insônia, esperando ansiosamente para voltar a trabalhar e falando sobre isso...

Estar apaixonado é estar assim?

Ricardo M. Freire